DIA INTERNACIONAL DA MULHER
UMA DATA PARA SER VIVIDA MAIS DO QUE LEMBRADA
As mulheres conquistaram ao longo do século XX, em várias partes do mundo, legítimos direitos que por razões várias, sempre e inevitavelmente em qualquer tempo e lugar, foram desrespeitados. Elas derrubaram barreiras, superaram preconceitos, venceram tabus, ocuparam espaços e desbravaram o caminho da igualdade, da liberdade e da responsabilidade para as novas gerações. Estes logros não representam apenas a expressiva vitória feminina, mas da humanidade toda.
O mundo celebra desde 1910, em 8 de março de cada ano, o Dia Internacional da Mulher. É uma homenagem justíssima, porém irrisória, para quem é tão importante e fundamental, na vida de todos nós. Se houvesse racionalidade, se os diretos e compromisso socialmente assumidos pela maioria dos países da comunidade mundial fossem cumpridos e respeitados; se existisse de fato a tão propalada “civilização”, esta data seria absolutamente dispensável. Constituir-se-ia em algo inútil e redundante. Afinal, todos os dias são das mulheres ou deveriam de ser!
Em pleno século XXI, mais de dois terços das mulheres do mundo continuam sendo tratadas como subalternas, como cidadãs de segunda classe, com inúmeros deveres e pouquíssimos direitos; vítimas de toda sorte de abusos, de descriminações e agressões, sem que as autoridades competentes movam uma só palha para por fim a essa barbárie. Entretanto, existem formas bastante sutis de violência que não produzem ferimentos físicos, não deixam marcas no corpo, não são sequer visíveis, mas que acabam doendo, e muito, já que as vítimas sentem-se impotentes, sem qualquer possibilidade de reação e reparação. Nesta situação, muitas vezes a mulher não encontra orientações de como e a quem recorrer. São estes atos os que silenciosamente ferem a sua dignidade e honra.
O não reconhecimento da importância do trabalho doméstico feminino no cuidado da casa, na educação dos filhos e nas tarefas diárias de preservação e valorização do patrimônio comum da família, é, por exemplo, uma das formas de violência não física e provavelmente a mais comum. Mais injustiçadas ainda, se sentem as que afrontam dupla jornada, nas fábricas, nos escritórios, nas universidades, entre outros locais, e no próprio lar, especialmente avocadas ao cuidado da família, sem que seus esforços sejam recompensados ou sequer reconhecidos.
Os agravos, aliás, não param por aí, e não ocorrem somente no seio familiar. Verificam-se no trabalho, na escola, no tempo de lazer, nas relações sociais e nos mais variados aspectos da vida em comunidade. O trabalho da mulher, por exemplo, da forma em que é colocado, é mais uma nova e penosa carga sobre seus ombros, do que a retumbante conquista com que é “apregoado”. A mulher é descriminada tanto nas promoções, quanto e principalmente no salário. A remuneração por igual tempo e função em relação ao homem é bastante aquém daquilo que produz e realmente merece.
Sejamos, portanto, mais coerentes justos e racionais quando evoquemos o dia internacional da mulher. Façamos em nome do genuíno amor que nutrimos por nossas mães, filhas, avós, namoradas, esposas e amigas de todos os dias do ano, um dia internacional e interminável da mulher! Muitos se perguntarão como pode ser feito? Simplesmente, respeitando o seu legitimo direito à igualdade de tratamento e, sobretudo, de oportunidades!
Dr. Eduardo Blanco Cardoso
Mestre, Doutor e Pós-Doutor em Obstet./Ginecol. pela FMUSP
Mestre, Doutor em Radiol. pela FMUSP
Pesquisador da Escola Ginecol. Prof. Pinotti, HAOC
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